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A aproximação das comemorações do bicentenário da Independência torna ainda mais necessária e urgente a tarefa de repensar o país. Para contribuir com esse esforço de reflexão, a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM-USP) apresenta a seleção dos 200 livros para pensar o Brasil.

Por meio de um percurso bastante presente em nossa tradição intelectual, a BBM pretende olhar para o passado no sentido de identificar caminhos para o futuro. Assim, buscaremos em nossa rica literatura aqueles livros que representam e interpretam o Brasil, partindo das mais longínquas descrições sobre o território e a sociedade colonial até as discussões mais contemporâneas dos dilemas de nosso país de hoje.

A BBM guarda uma das mais relevantes “coleções brasilianas” do país. Em sentido amplo, “brasiliana” é qualquer coleção relevante (de livros, periódicos, obras de arte etc.), que representa e permite compreender o Brasil em seus mais variados aspectos: histórico, social, cultural, natural, artístico etc. Como guardiã desse acervo, que pertence a todos, a BBM tem o dever de conservar, divulgar e disseminar esse patrimônio que ao longo de séculos buscou, e ainda busca, desvendar esse país chamado Brasil.

No ano de 2000, o crítico literário Antonio Candido publicou um breve artigo muito disseminado na internet – “10 livros para entender o Brasil” – que logo se tornou um excelente roteiro de leitura para quem busca conhecer a sociedade brasileira. Partindo da proposta de Candido, a BBM ampliou significativamente a lista. Ao abarcar não somente os autores canônicos e recorrentes em qualquer lista dos “intérpretes do Brasil”, a atual listagem percorre nossa vasta e rica literatura, encontrando novas abordagens, personagens e autores que, apesar de menos reconhecidos, trazem vigorosas ideias para entender o país.

Para alargar a seleção e oferecer essa nossa lista sobre os 200 livros para pensar o Brasil, seguimos alguns critérios. Em primeiro lugar, os livros foram divididos em seis períodos históricos, os quais deviam ser representados com algum equilíbrio: período pré-Independência (1500-1822); período do Brasil Império (1822-1889); da Proclamação da República até a revolução de 1930 (1889-1930); período das interpretações e dos livros de formação sobre o Brasil (1930-1964); governo militar (1964-1985); e, finalmente, Brasil pós-redemocratização (1985-2022).

Adicionalmente, ainda que em nossa literatura tenhamos autores que poderiam figurar na seleção com dois ou três livros, os autores foram inseridos a partir de sua obra mais representativa para pensar o Brasil. Com isso, ganha-se em variedade de visões sobre o Brasil.

Para cada período histórico, a seleção contará com os livros canônicos, com os projetos de Brasil vitoriosos, mas também serão iluminados os projetos de país derrotados, as vozes silenciadas, apresentando concepções de Brasil bastante heterogêneas. Esperamos que tenhamos assim uma listagem mais democrática, explicitando as leituras contraditórias, as disputas de narrativas, um Brasil menos homogêneo, mais fissurado e crítico. Ao longo dos próximos meses publicaremos semanalmente posts organizados por temas com breves apresentações de parte dos 200 livros selecionados pela BBM. Como toda seleção deve ser, a BBM apresenta apenas um percurso para pensarmos o Brasil, que deve ser confrontado com outros, que deve sofrer as devidas reparações por aquelas obras que por nossos critérios acabaram figurando em nossos 200 livros, assim como confrontado com outros 200 livros que deveriam ser incluídos.

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